TRATAMENTOS
Incontinencia urinária
O que é incontinência urinária?
A incontinência urinária no adulto é definida como a perda involuntária de urina, existindo múltiplas causas possíveis para esta patologia. Esta pode surgir em qualquer idade e pode ser um episódio transitório (ex. associado à infeção urinária) ou prolongado no tempo (ex. enfraquecimento da musculatura pélvica). Veja mais informações sobre "causas para a incontinência urinária”.
Mesmo nas situações crónicas, esta pode ser aliviada com alguns tratamentos. É mais comum entre as mulheres e nos idosos, estimando-se que afete cerca de 20% da população portuguesa acima dos 40 anos. Apesar de ser mais comum na 3ª idade, não deve ser considerada uma parte normal do envelhecimento. As perdas podem ser desde fugas ocasionais e em baixa quantidade até grandes perdas e muito frequentes.
Classificação da incontinência urinária
Existem vários tipos de incontinência consoante o motivo ou a forma que desencadeiam as perdas:
- Incontinência de urgência: Perda involuntária que se associa a uma vontade urgente/imperiosa de urinar, incontrolável. Surge com alguma frequência nas situações de infecções urinárias e outras condições que despoletem hiperatividade vesical (da bexiga);
- Incontinência de esforço: Perda involuntária que surge nas situações de aumentos súbitos na pressão intra-abdominal (ex. Atividade física, espirro, tosse, levantar pesos, etc.). Surge normalmente associada a hipermobilidade da uretra ou insuficiência de esfíncter;
- Incontinência por regurgitação/extravasamento: Perdas involuntárias de urina que ocorrem por sobre-repleção da bexiga, ou seja, quando o volume de urina acumulada dentro da bexiga é tão grande que a pressão do líquido vence a capacidade do esfíncter em evitar as perdas;
- Incontinência funcional: Perdas involuntárias devidas à incapacidade do doente. São exemplos as situações de demência, de Alzheimer ou doença de Parkinson em que a sua condição leva a que a pessoa urina sem que exista um comprometimento da função da bexiga ou do esfíncter;
- Incontinência noturna ou enurese: Perdas involuntárias que ocorrem durante o sono da pessoa. É mais comum em crianças, mas também pode surgir em adultos. De facto, a incontinência urinária infantil (na criança) é mais comum na forma de enurese noturna, ou seja, perdas involuntárias de urina durante o sono da criança. Aproximadamente 15% das crianças aos 5 anos apresentam enurese, percentagem que vai diminuindo com a idade. Aos 15 anos apenas 1 % da população mantém estas queixas.
Muitas das vezes não existe apenas um tipo de incontinência urinária, sendo frequente, por exemplo, a coexistência na mesma pessoa de incontinência de esforço e incontinência de urgência. Nestes casos falamos de incontinência urinária mista.
O grau de perdas varia consoante o tipo de incontinência e o grau de insuficiência de função.
Causas da incontinência urinária
Existem múltiplas doenças e situações que podem condicionar o aparecimento de incontinência urinária. Entre os tipos mais frequentes podemos enumerar:
- Hiperatividade vesical ou bexiga hiperativa;
- Bexiga neurogénica;
- Prolapsos pélvicos (ex prolapso anterior ou cistocele, também conhecido como “bexiga baixa” ou “bexiga descaída”);
- Lesão do esfíncter urinário: ex. após prostatectomia radical;
- Fraqueza da musculatura pélvica, por exemplo induzida pela gravidez e parto;
- Doenças neurológicas e psiquiátricas (ex. Parkinson, Demência, Esclerose múltipla.
Existem também vários fatores que promovem e/ou agravam a incontinência urinária, a saber:
- Idade;
- Hábitos etílicos, cafeína e tabagismo (ser fumador);
- Obesidade (excesso de peso);
- Número de vezes que a mulher esteve grávida e partos;
- Medicação crónica;
- Menopausa;
Dadas as caraterísticas que distinguem os dois sexos, abordaremos de seguida algumas causas específicas, a saber:
Causas da incontinência urinária masculina
Nos homens, as causas mais frequentes de incontinência urinária são:
- Bexiga Hiperativa;
- Após cirurgia à próstata, mais especificamente, na fase inicial da recuperação após prostatectomia radical (remoção completa da glândula prostática e, geralmente, das vesículas seminais). Nas restantes cirurgias prostáticas é raro surgir de novo a incontinência urinária pós-operatória, embora exista sempre um pequeno risco. Informe-se com o seu médico Urologista sobre qual o risco existente para o seu caso específico.
Causas da incontinência urinária feminina
No caso das mulheres, as causas mais comuns geralmente estão relacionadas com hiperatividade da bexiga e/ou com fraqueza da musculatura pélvica.
É relativamente comum observar-se incontinência de esforço em mulheres que tenham sido submetidas a cirurgia pélvica (ex. histerectomia), com antecedentes de múltiplos partos (multípara), com excesso de peso ou com prolapsos genitais.
Nas mulheres jovens, sem excesso de peso e nulíparas (sem antecedentes de partos) é pouco frequente o aparecimento de incontinência de esforço, dado a força preservada da musculatura pélvica.
A incontinência urinária de esforço na gravidez está geralmente associada ao aumento de peso que o feto exerce sobre a bexiga, comprimindo-a e levando às perdas involuntárias. Após o parto, este tipo de incontinência poder-se-á manter transitoriamente ou cronicamente.
Se for este o seu caso consulte o seu urologista para melhor esclarecimento e orientação terapêutica.
Diagnóstico da incontinência urinária
O diagnóstico é feito pelo seu médico, usualmente o médico de família/Medicina Geral e Familiar, o urologista (especialista em urologia), ou ginecologista.
Muitas das vezes, o exame objetivo é suficiente para documentar a existência de perdas involuntárias. Alguns sinais e sintomas podem ajudar a esclarecer o tipo e a causa da incontinência urinária: por exemplo o aumento da frequência urinária, a existência de vontades súbitas e inadiáveis para urinar são sugestivas de bexiga hiperativa. Se a estas queixas se somar a dor ou ardência a urinar é provável que estejamos perante uma infeção urinária.
Saiba, aqui, tudo sobre infecção urinária.
Normalmente, no contexto do estudo de uma incontinência urinária é comum realizarem-se alguns exames no sentido de quantificar o volume de perdas e classificar essa incontinência nos grupos atrás enumerados.
Os exames mais comumente realizados são:
- Ecografia pélvica / ecografia vesical (da bexiga);
- Estudo analítico da urina e cultura da urina;
- Estudo urodinâmico;
- Cistoscopia;
- Etc.
O doente deve procurar o médico Urologista (especialista em Urologia) para avaliação e determinação de um tratamento atempado, de modo a evitar possíveis complicações, conforme descreveremos de seguida.
Complicações da incontinência urinária
As complicações mais frequentes da incontinência urinária são sobretudo de índole psicológica como diminuição da auto-estima, isolamento social e laboral.
A necessidade de utilização de fraldas, nomeadamente em situações de incontinência severa também pode predispor ao aparecimento de infeções da região genital, normalmente infeções fúngicas.
A incontinência urinária tem cura?
A maior parte das causas da incontinência urinária tem uma cura ou um tratamento que diminui eficazmente a frequência e a quantidade de perdas involuntárias.
Assim, o prognóstico é, para a maior parte dos casos, favorável quando cumpridas as indicações do seu médico.
Tratamento da incontinência urinária
Existem diversos tipos de tratamentos disponíveis para diminuir ou prevenir as perdas involuntárias de urina.
O tratamento deve ser adaptado ao tipo de incontinência apresentada e orientado igualmente para a causa subjacente.
Os medicamentos (ou remédios) mais comuns destinam-se a tratar os sintomas da hiperatividade da bexiga e de incontinência de urgência. Eles são conhecidos por anticolinérgicos e por agonistas beta 3, e têm como objetivo diminuir a frequência e a intensidade das contrações involuntárias da bexiga, exercendo assim um efeito “calmante” no músculo da bexiga. Naturalmente que tem de ser também investigada e tratada a causa que está subjacente a essa hiperatividade, seja uma infeção urinária, um tumor, um cálculo, uma inflamação crônica (cistite crónica), etc.
Para a hiperatividade da bexiga é igualmente recomendada alguns cuidados com a alimentação, nomeadamente, evitar alimentos e substâncias que irritam a bexiga e aumentam as queixas de urgência / imperiosidade para urinar, o número de micções diárias, perda involuntária e número de micções noturnas.
São exemplos desses alimentos:
- Cafeína;
- Álcool;
- Tabaco;
- Citrinos;
- Alimentos picantes;
- Nozes;
- Chocolates;
- Alimentos ricos em potássio;
- Bebidas gaseificadas.