TRATAMENTOS
Disfunção Erétil
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o significado de disfunção erétil ou impotência sexual masculina corresponde à “incapacidade persistente ou recorrente para alcançar e/ou manter uma ereção suficiente para uma atividade sexual satisfatória”.
A disfunção erétil considera-se primária caso se apresente logo desde as primeiras relações sexuais. A disfunção erétil considera-se secundária caso surja em indivíduos que tenham tido previamente uma boa função erétil. Por sua vez, a incapacidade de manter uma erecção pode surgir em todas as relações sexuais (disfunção erétil permanente) ou apenas manifestar-se em determinadas condições (por exemplo em fases de stress psicológico ou cansaço) ou com determinadas parceiras sexuais (disfunção erétil situacional).
Estima-se que entre 5 a 20% dos homens possam ter disfunção erétil (aproximadamente 13% em Portugal), percentagem que aumenta progressivamente com a idade, podendo atingir os 50 a 75% a partir dos 70 anos.
Causas da disfunção erétil
Existem múltiplas causas para a origem da disfunção erétil. Na maioria dos homens, a causa é sobretudo multifactorial, ou seja, estão presentes vários fatores causais em simultâneo.
O mecanismo fisiológico para a ereção pressupõem o correto funcionamento de diferentes sistemas orgânicos, nomeadamente, o psicológico, o hormonal, o vascular e o neurológico. Assim os fatores responsáveis pela disfunção erétil podem ser divididos em:
Fatores vasculogenesis
Este é um dos mecanismos mais comuns da disfunção erétil. Os fatores de risco mais frequentes para uma causa vascular são: o tabagismo, o alcoolismo, a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a dislipidemia (colesterol elevado), a obesidade, entre outras.
A existência de disfunção erétil de causa vasculogênica deve ser considerada um sinal precoce de doença cardiovascular/aterosclerótica, principal causa dos enfartes cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Algumas lesões ou doenças do pénis também podem condicionar disfunção erétil por alteração da componente venosa do pénis: a curvatura adquirida (Doença de Peyronie), traumas do pénis ou alguns tipos de cirurgias do pénis (ver também o parágrafo de fatores neurogênicos) são os exemplos mais comuns. O aumento do tamanho da próstata (hiperplasia benigna da próstata - HBP) pode estar relacionado com alterações da função erétil, sendo que alguns autores atribuem esta relação apenas às alterações progressivas do envelhecimento. A presença de inflamação crônica da próstata (prostatite crônica) pode relacionar-se a algumas alterações da função sexual, nomeadamente com a ejaculação prematura.
Fatores neurogênicos
Estima-se que 10 a 19% dos casos de disfunção erétil tenham origem neurogênica, sendo que qualquer doença que afete o cérebro, a medula espinhal ou os nervos do pénis pode provocar falência do mecanismo da ereção. Dentro destas doenças e causas, as mais frequentes são: AVC, Alzheimer, demência, diabetes mellitus, traumatismos medulares (coluna vertebral) ou cirurgias pélvicas como a cirurgia da próstata (ex. prostatectomia radical - quando a próstata é retirada totalmente) ou a cirurgia do intestino (colorretal). A vasectomia (laqueação do ducto deferente bilateralmente) não se relaciona, normalmente, com alterações da função erétil.
Fatores hormonais
O défice de androgénios (testosterona) pode traduzir-se em disfunção erétil e diminuição da libido (desejo sexual). Algumas doenças relativamente comuns podem causar déficit andrógenico como a diabetes mellitus, a obesidade e a síndrome metabólica. Menos comuns são a lesão testicular por trauma, radioterapia ou tumor.
As alterações nos níveis de outras hormonas também podem provocar disfunção erétil como a elevação da prolactina (hiperprolactinemia) ou das hormonas da tireóide (hiper e hipotiroidismo).
Fatores psicogênicos
As causas psicogênicas (também conhecida por impotência psicogênica/psicológica) representam de 10 a 20% dos casos. Estas incluem a depressão, o nervosismo, a ansiedade, o stress e o cansaço, ou problemas da relação com a parceira.
O aparecimento de um problema psicológico num doente com uma causa física minor pode despoletar o desenvolvimento de uma disfunção erétil grave, que até então não se tinha manifestado.
Fatores medicamentosos / drogas
A deficiência na função da ereção pode ser atribuída a efeitos secundários de medicação ou outras substâncias. Dentro dos mais comuns incluem-se:
Psicotrópicos: antidepresivos, antipsicóticos, ansiolíticos e anti-convulsivantes; anti-hipertensores: diuréticos tiazídicos, beta bloqueantes (nomeadamente propranolol), antagonistas da aldosterona (espironolactona, etc); Outros: anti-androgênicos (nomeadamente medicação utilizada no cancro da próstata), o tabaco (fumar cigarro etc) ou canabinóides, opióides (terapêuticos ou recreativos), álcool, etc..
Disfunção erétil e a idade
A disfunção erétil em jovens normalmente é devida apenas a um fator. Esta pode surgir mais frequentemente em contexto de problemas psicológicos, malformações anatômicas/vasculares ou problemas hormonais. No jovem previamente saudável, sem antecedentes traumáticos da região genital, as causas mais comumente identificadas são o stress, o medo do desempenho sexual, a ansiedade ou a coexistência de outras disfunções sexuais como a ejaculação prematura (ou precoce).
Por outro lado, em idosos é mais comum a presença de vários factores a contribuir para a presença da disfunção erétil, nomeadamente as causas vasculares, neurológicas e medicamentosas.
A idade constitui assim um fator de risco para o aparecimento da disfunção erétil, dada a íntima dependência desta patologia com outras doenças mais frequentes em idades avançadas como sejam a hipertensão (pressão arterial alta), a diabetes, a dislipidemia, a demência, etc..
Sinais e sintomas da disfunção erétil
Os sinais e os sintomas mais comuns são:
- Incapacidade em obter uma ereção com rigidez suficiente para a penetração;
- Ereção fugaz, ou seja, ereção de duração insuficiente para uma relação sexual satisfatória;
- Diminuição do número de ereções espontâneas (noturnas, matinais).
Estes sintomas podem surgir em todas ou quase todas as relações sexuais ou apenas esporadicamente.
Alguns sintomas e sinais podem estar relacionados com as doenças subjacentes à disfunção erétil como a presença de curva ou placas duras no pénis, hipertensão arterial, cansaço fácil, angina de peito (angor), claudicação (dor nas pernas pouco depois de começar a andar), diminuição da vontade sexual (libido), etc..
A presença de ereções noturnas (durante a noite) espontâneas ou com a auto-estimulação geralmente indica um bom funcionamento da componente orgânica do mecanismo erétil e uma provável falha de origem psicogênica (medo de não atingir a erecção, stress, cansaço, etc...).
Diagnóstico da disfunção erétil
O diagnóstico e estudo da disfunção erétil é feito, normalmente, pelo médico urologista (especialista em urologia).
O primeiro passo é o mais importante no diagnóstico de disfunção erétil é a correta colheita de uma história clínica explorando o início dos sintomas, a frequência e ocasiões em que surgem, a presença de ereções noturnas e matinais espontâneas, o sucesso da auto-estimulação, etc..
O exame físico deve ser realizado em todos os doentes, enfatizando os sistemas geniturinário, vascular e neurológico. Deve ser avaliada a pressão sanguínea, pulsos periféricos, avaliação da próstata, do tamanho e textura dos testículos e anomalias do pênis (por exemplo, hipospadias - alteração da posição do meato uretral; placas duras no corpo do pénis - Doença de Peyronie).
Existem alguns testes laboratoriais que podem ser realizados no estudo das diferentes causas da disfunção erétil como: avaliação do estado hormonal (testosterona, globulina de ligação de hormonas sexuais, hormona luteinizante [LH], prolactina, hormonas da tiroide), avaliação do colesterol e diabetes (hemoglobina A 1c, perfil lipídico), análise de urina ou testes funcionais específicos (prova vasoativa com prostaglandina, ecodoppler peniano, teste noturno de tumescência peniana, teste neurológicos, angiografias, etc..
O doente não deve ter qualquer tipo de receio ou vergonha em procurar o médico urologista, tendo em vista o diagnóstico e a instituição de um plano de tratamento.
Complicações da disfunção erétil
A disfunção erétil vai inevitavelmente causar alguma ansiedade ou mesmo estados de depressão, sendo vital para os doentes manterem o seu relacionamento com o parceiro ou cônjuge o mais regular possível até que seja encontrada uma solução. As mais recentes e variadas técnicas terapêuticas podem ajudar mais de 90% dos problemas de ereção.
A maioria das complicações mais graves registadas em doentes com disfunção erétil estão dependentes da doença de base que levou ao défice da função erétil: a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes mellitus ou a dislipidemia são doenças com predisposição ao aparecimento de patologia cardiovascular como o enfarte agudo do miocárdio ou o acidente vascular cerebral.
É fundamental nos doentes com disfunção erétil uma estratificação correta do risco cardiovascular e a promoção de medidas gerais para diminuir esse mesmo risco.
Disfunção erétil tem cura?
O tratamento da disfunção erétil depende do problema subjacente. Ou seja, apenas após diagnóstico por parte do médico se poderá instituir o plano de tratamento e que será estabelecido de acordo com as causas subjacentes.
Algumas causas respondem melhor ao tratamento farmacológico, por sua vez, outras são sede de psicoterapia sexual. Assim, a probabilidade de cura definitiva varia com a gravidade da disfunção assim como com a patologia (doença) subjacente a esta.
Novas e variadas técnicas terapêuticas têm vindo a ser desenvolvidas, permitindo resolver mais de 90% dos problemas relacionados com a impotência sexual masculina.
Saiba, de seguida, como tratar a disfunção erétil.
Tratamento da disfunção erétiltem cura?
Todos os doentes devem ser incentivados à prática de hábitos saudáveis como o exercício físico regular, a perda de peso, fazer uma alimentação cuidada, rica em vitaminas e antioxidantes e pobre em gorduras, a evicção tabágica e alcoólica. O correto controle da tensão arterial, do colesterol e das glicemias é fundamental nos doentes que sofrem destas patologias.
Muitos pacientes com impotência sexual também apresentam doenças cardiovasculares; assim, o tratamento da disfunção erétil deve levar em consideração os riscos cardiovasculares.
Aconselhamento sexual, se há causas não orgânicas para a disfunção;
- Aconselhamento sexual, se há causas não orgânicas para a disfunção;
- Medicamentos (ou remédios) orais:
- Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) – Sildenafil, Vardenafil, Tadalafil, Avanafil;
- Terapêutica de substituição hormonal: em casos de défice hormonal (testosterona em preparações orais - raramente usadas -, injetáveis, gel e transdérmicas;
- Medicamentos aplicados localmente (prostaglandinas tópicas uretrais);
- Medicamentos para Injeção peniana: recomendados em pacientes refratários (sem eficácia) ou com contra-indicação à medicação tópica ou oral. São exemplos as prostaglandinas intracavernosas;
- Dispositivos externos de vácuo e constrição;
- Cirurgia (ou operação), como por exemplo as próteses do pénis.